As cores do engano: imitações de mármore em retábulos de stucco no Alentejo

Autores

  • Patrícia Monteiro Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-6934-2311

DOI:

https://doi.org/10.14568/cp30991

Palavras-chave:

Retábulos, Stucco, Policromias, Imagem, Intervenções

Resumo

Este artigo irá debater a forma como intervenções modernas têm vindo a alterar a imagem e a policromia original dos altares em stucco. Estas obras de arte constituem um grupo muito consistente construído entre os séculos XVI e XX e cuja presença ainda é visível no Alentejo (Portugal). Muito embora a sua popularidade, ao longo dos séculos, seja inegável, este património artístico foi incompreendido no que diz respeito aos seus materiais constituintes, técnicas de construção artesanais e revestimentos polícromos. De facto, todo o potencial mimético destes retábulos consistia nos seus acabamentos polícromos que imitavam, com bastante sucesso, outros materiais, especialmente o mármore. Devido a intensas caiações ou a repintes modernos, com materiais sintéticos, esta imagem visual foi irreversivelmente alterada. Através de vários exemplos e considerando fatores de ordem psicológica, cultural e económica, analisaremos a forma como as populações locais se têm relacionado com este património histórico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Monteiro, P., ‘Retábulos de alvenaria com policromias no Norte Alentejo’, in I Simpósio de História da Arte, O Retábulo no Espaço Iberoamericano: forma, função e iconografia, coord. A. Celeste, IHA – FCSH, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa (2016) 367-376.

Massapina, A.; Massapina, J.; Martins, J., Beja. Centro histórico. Plano de salvaguarda e recuperação, Federação das Associações de Estudo, Defesa e Divulgação do Património Cultural e Natural, Beja (1981).

Pastoreau, M., Preto, história de uma cor, Orfeu Negro, Lisboa (2014).

Teles, F. L., Pintura simples. A decoração na construção civil, vol. I, Typographia do Commercio, Lisboa (1898).

Segurado, J., Acabamentos das construções. Estuques, pinturas, etc, 3.ª ed., Livraria Bertrand, Lisboa (1934).

Freire, M. T.; Silva, A. S.; Veiga, M. R., ‘Caracterização de revestimentos de imitação de pedra em stucco-marmo com vista à sua preservação’, Conservar Património 41 (2022) 7-18, https://doi.org/10.14568/cp2020055.

Vieira, E., Técnicas tradicionais de fingidos e de estuques no Norte de Portugal. Contributo para o seu estudo e conservação, Master dissertation, Universidade de Évora, Évora (2002), http://hdl.handle.net/10174/14696 (accessed 2022-03-14).

Pasqual Diez, R., Arte de hacer el estuco jaspeado, ó de imitar los jaspes á poca costa y con la mayor propiedad, Imprenta Real, Madrid (1785).

Gárate Rojas, I., Artes de los yesos. Yeserías y estucos, Editorial Munilla-Lería, Madrid (1999).

Gárate Rojas, I., Artes de la cal, Editorial Munilla-Lería, Madrid (2002).

‘Contract for the main chapel altarpiece of Our Lady of the Star convent’, ms., ANTT, Ordem dos Frades Menores, Convento de Nossa Senhora da Estrela (Marvão), mç. 1, doc. n. 4658775, (1802) 1-2.

Mantas, H.; Gama, M.; Gordalina, R., ‘Convento de Nossa Senhora da Estrela / Santa Casa da Misericórdia de Marvão / Lar da Santa Casa da Misericórdia’, in Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, DGPC (2000) http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1859 (accessed 2023-07-06).

Monteiro, P.; Lopes, S., ‘O stucco renascentista no contexto das artes decorativas no Alentejo: a igreja de Santiago, em Marvão’, Congresso Internacional Nicolau de Chanterene e a prática escultórica no contexto das artes do século XVI, ARTIS – Instituto de História da Arte da FLUL, Lisboa (s.d.) in press.

Pastoreau, M., Dicionário das cores do nosso tempo, Editorial Estampa, Lisboa (1997).

Casal, M., A conservação e restauro da pintura mural nas fachadas alentejanas: estudo científico dos materiais e tecnologias antigas da cor, PhD dissertation, Department of conservation and restoration, Universidade Nova de Lisboa, Monte da Caparica (2009).

Caivano, J. L., ‘Research on colour in architecture and environmental design: a brief history, current developments, and possible future’, Colour Research and Application 31(4) (2006) 350-363, https://doi.org/10.1002/col.20224.

Costa, J., Estudos cromáticos nas intervenções de conservação dos centros históricos. Bases para a sua aplicação à realidade portuguesa, PhD dissertation, Department of architecture, Universidade de Évora, Évora (1999).

Pernão, J., ‘The «otherness» of white. Elements for a better understanding and use of the colour white in architecture’, in Colour and Light in Architecture. First International Conference 2010_Proceedings, Knemezi, Verona (2010) 155-159.

Radwan, A., ‘Colour in architecture is it just an aesthetic value or a true human need?’, International Journal of Engineering & Technology 4(12) (2015) 523-533, https://doi.org/10.17577/IJERTV4IS120587.

Ribeiro, M., Quem tem medo das cores? Confluências entre cor e arquitetura, Master dissertation, Department of architecture, Universidade do Porto, Porto (2021).

Casal, M.; Seruya, I.; Aguiar, J.; Candeias, A.; Frade, J.; Valadas, S.; Alves, P.; Ribeiro, I., ‘Caiações a cores no Alentejo (parte 1): identificação dos pigmentos e análise estratigráfica (em 2004-2006)’, Conservar Património 10 (2009) 19-38, https://doi.org/10.14568/cp10_3.

Altarpieces of S. Mamede hermitage, Portalegre

Downloads

Publicado

2024-01-31

Como Citar

Monteiro, P. (2024). As cores do engano: imitações de mármore em retábulos de stucco no Alentejo. Conservar Património, 45, 65–77. https://doi.org/10.14568/cp30991

Edição

Secção

Artigos