Os objetos degradam-se mas memórias duram para sempre: conservação criativa no património industrial

Autores

  • Ricardo Triães TECHN&ART - Technology, Restoration and Arts Enhancement Center, Polytechnic Institute of Tomar, Estrada da Serra, Quinta do Contador 2300-313 Tomar, Portugal https://orcid.org/0000-0002-3597-8653
  • Ânia Chasqueira TECHN&ART - Technology, Restoration and Arts Enhancement Center, Polytechnic Institute of Tomar, Estrada da Serra, Quinta do Contador 2300-313 Tomar, Portugal; Faculty of Human and Social Sciences, University of Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro, Portugal https://orcid.org/0000-0002-1944-1522
  • Ângela Ferraz TECHN&ART - Technology, Restoration and Arts Enhancement Center, Polytechnic Institute of Tomar, Estrada da Serra, Quinta do Contador 2300-313 Tomar, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8774-7139

DOI:

https://doi.org/10.14568/cp29453

Palavras-chave:

Património industrial, Conservação Criativa, Preservação, Comunidade

Resumo

O conceito de conservação criativa começou a ser desenvolvido em 2012 por conservadores-restauradores do Instituto Politécnico de Tomar. Partindo de um processo de re-significação de objetos fragmentados, aparentemente sem recuperação e prestes a serem descartados, procura-se desenvolver ações que culminem numa reflexão sobre a preservação e a memória coletiva. Este artigo analisa a sua aplicação no património industrial através de dois estudos de caso: o projeto Cartão de Ponto (2012), baseado na intervenção num conjunto de cartões de ponto dos funcionários da Fábrica de Fiação de Tomar, e o projeto POR1FIO, em curso, que pretende criar ferramentas de mediação cultural a partir de objetos da antiga Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas. Procura-se demonstrar que a conservação criativa pode ser uma nova estratégia para ajudar a comunidade local a estabelecer memórias positivas assentes no seu património industrial e a lidar com o trauma dos processos de desindustrialização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Triães, R.; Nogueira, A.; Chasqueira, Â., ms., ‘The power of creativity in nurturing sustainable development’, in Proceedings 20th ICOM-CC Triennial Conference, València, Spain (2023).

Triães, R., ‘Área de ação prioritária – conservação e segurança: Projeto Conservação criativa: uma metodologia alternativa para a interpretação e conservação da memória’, Nova Augusta 32 (2020) 301-309.

Loureiro, L.; Triães, R.; Falcão, C, ‘Educational tools for involving higher degree students within the project Creative Conservation’, New Trends and Issues Proceedings on Humanities and Social Sciences 2(7) (2016) 32-40, https://doi.org/10.18844/gjhss.v2i7.1177 (accessed 2023-01-20).

Triães, R.; Falcão, C.; Loureiro, L., ‘Conservação criativa. Edifícios e vestígios – Projecto-ensaio sobre espaços pós-industriais’, in Edifícios e vestígios – Buildings & remnants, ed. I. Moreira, Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa (2013) 217-232.

Francisco, M., O património industrial do rio Nabão: contributo para a salvaguarda da antiga Fábrica de Fiação de Tomar, Master dissertation, Department of Architecture, Universidade do Porto, Porto (2021).

Guimarães, M. S., História de uma Fábrica. A Real Fábrica de Fiação de Thomar. Junta Distrital de Santarém, Santarém (1976).

Custódio, J.; Santos, L., A Real Fábrica de Fiação de Tomar e a 1.ª geração europeia e americana de fábricas hidráulicas, Coimbra Editora, Coimbra (1990).

Castilho, J. J., ‘The memory of work and the future of industrial heritage: new issues five years later’, Forum Qualitative Sozialforschung / Forum: Qualitative Social Research 12(3) (2011), http://nbn-resolving.de/urn:nbn:de:0114-fqs110333 (accessed 2023-01-19).

Bicho, J. R., A Fábrica Grande. Subsídios para a história da Companhia de Torres Novas, Câmara Municipal de Torres Novas, Torres Novas (1997).

Rocha, F. C., ‘Companhia Nacional de Fiação e tecidos de Torres, 150 anos de atividade’, Nova Augusta 9 (1995) 29-44.

Oliveira, F., Torres Novas industrial 1784-1999, Câmara Municipal de Torres Novas, Torres Novas (2005).

Rocha, F. C., Para a história do movimento operário em Torres Novas. Durante a Monarquia e a I República (1862-1926), Câmara Municipal de Torres Novas, Torres Novas (2009).

Freeman, C.; Louçã, F., Ciclos e crises no capitalismo global – das revoluções industriais à revolução da informação, Edições Afrontamento, Porto (2003).

Nogueira, P. M. R., A ciência e a indústria têxtil e do vestuário. Uma abordagem historiográfica ao setor em Guimarães, PhD dissertation, Universidade de Coimbra and Universidade de Aveiro, Coimbra e Aveiro (2020).

Ferraz, A.; Faria J., ‘Museus em Tomar no século das intenções’, Boletim Cultural da Câmara Municipal de Tomar 24 (2005) 150-160.

‘The Nizhny Tagil charter for the industrial heritage’, in The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage (2003), https://ticcih.org/about/charter/ (accessed 2023-01-19).

Correia, M., Reabilitação da antiga fábrica da Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas, Master dissertation, Departament of Architecture, Universidade de Coimbra, Coimbra (2016).

Wicke, C., ‘Introduction: industrial heritage and regional identities’, in Industrial heritage and regional identities, eds. C. Wicke, S. Berger and J. Golombek, Routledge, London (2018) 1-12, https://doi.org/10.4324/9781315281179 (accessed 2023-01-19).

Benito del Pozo, P.; Alonso González, P., ‘Industrial heritage and place identity in Spain: from monuments to landscapes’, The Geographical Review 102(4) (2012) 446-464, https://doi.org/10.1111/j.1931-0846.2012.00169.x.

Muños Viñas, S., Teoría contemporánea de la Restauración, Editorial Síntesis, Madrid (2003).

Tavares, C. G.; Leite, R., ‘O projeto Picar o Ponto: Memórias orais de operários da Fábrica Robinson’, Midas – Museus e Estudos Interdisciplinares 3 (2014), https://doi.org/10.4000/midas.531 (accessed 2023-01-19).

Nogueira, P. R., ‘Mulheres de fábrica: história da feminização da indústria têxtil em Guimarães’, Boletim de Trabalhos Históricos 19 (2020) 47-127, https://www.amap.pt/r/article/bth-2020-3 (accessed 2023-01-19).

Há Trabalhos na Fábrica - Tomar, https://trabalhosnafabrica.wordpress.com/ (accessed 2023-01-19).

Chasqueira, Â.; Triães, R.; Barbosa, R., ‘How to preserve industrial heritage - the memory and significance’, in (In)tangible heritage(s):a conference on design, culture and technology – past, present, and future, ed. H. Griffin, AMPS Proceedings Series 29.1, University of Kent, Canterbury (2022) 479-487, https://amps-research.com/wp-content/uploads/2023/04/Amps-Proceedings-Series_29.1.pdf.

Chasqueira, Â.; Ferraz, Â.; Triães, R., ‘‘Memories builder’: A contribution to the sustainable preservation of industrial heritage’, in Actas del IX Seminario – Tensión sostenible El patrimonio en la transición energética, Aula de Formación: Gestión e Intervención en el Patrimonio Arquitectónico e Industrial, Madrid (2022) 95-112, http://gipai.aq.upm.es/index.php/actas-del-ix-seminario-tension-sostenible/.

Guillaume, M., A política do património, Translated by J. Caspurro, Campo das Letras, Porto (2003).

Folgado, D., ‘Património industrial. Que memória?’, in Conservar Para Quê, 8ª Mesa-redonda de Primavera, coord. V. O. Jorge, FLUP, DCTP, CEAUC, Porto e Coimbra (2005) 355-366.

Choay, F., Alegoria do património, Translated by T. Castro, Edições 70, Lisboa (2008).

Conservation of the timecards: a) dry cleaning using a brush; b) execution of the encapsulation bags

Downloads

Publicado

2023-09-28

Como Citar

Triães, R., Chasqueira, Ânia, & Ferraz, Ângela. (2023). Os objetos degradam-se mas memórias duram para sempre: conservação criativa no património industrial. Conservar Património, 44, 153–164. https://doi.org/10.14568/cp29453