Exemplos de restauro arquitetónico em Portugal entre os séculos XVI e XVIII segundo o espírito da concinnitas: harmonia, unidade e conformidade

Autores

  • Maria João Baptista Neto ARTIS - Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Alameda da Universidade, 1600-215 Lisboa https://orcid.org/0000-0002-1777-7698

DOI:

https://doi.org/10.14568/cp26667

Palavras-chave:

História e teoria do restauro em Portugal, Idade Moderna, Tratadística, Arquiteto-restaurador, Concinidade, Unidade de estilo

Resumo

O estudo centra-se na emergência de uma primeira geração de arquitetos conscientes da prática do restauro de acordo com o ambiente cultural e artístico do Renascimento e decorrente da tratadística clássica. Como intervir em preexistências medievais, foi um problema que estes arquitetos tiveram de enfrentar e resolver, porque apesar de considerarem o gótico indesejável era fundamental encontrar forma de assegurar a ‘conformidade’ do edifício, sem violar a ‘harmonia’ mútua das suas partes, segundo o princípio da concinnitas enunciado por Alberti. Tomando a formulação proposta por Panofsky sobre os modos encontrados de atuação em preexistências medievais: recobrimento, continuidade e compromisso, e de acordo com exemplos italianos já estudados, procurou-se avaliar da prática, em Portugal, deste modus operandi. A identificação de vários casos de estudo nacionais da época Moderna permite comprovar essa atuação e lançar um novo olhar sobre a génese concetual e prática do restauro arquitetónico em Portugal. 

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Publicado

2023-05-29

Como Citar

Neto, M. J. B. (2023). Exemplos de restauro arquitetónico em Portugal entre os séculos XVI e XVIII segundo o espírito da concinnitas: harmonia, unidade e conformidade. Conservar Património, 43, 25–41. https://doi.org/10.14568/cp26667

Edição

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Artigos