A conclusão da Igreja de Santa Engrácia no contexto da valorização do barroco em Portugal e dos princípios das Cartas internacionais de Atenas e Veneza (1953-1966)

Autores

  • Clara Moura Soares ARTIS – Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Alameda da Universidade 1600- 214 Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-4130-2158

DOI:

https://doi.org/10.14568/cp25017

Palavras-chave:

Estado Novo, Portugal Restauro de monumentos, Cartas internacionais, História da Arte, Arquitetura Barroca, Igreja de Santa Engrácia

Resumo

O presente artigo visa enquadrar, nacional e internacionalmente, os critérios de intervenção adotados na Igreja de Santa Engrácia, quando, em pleno regime do Estado Novo, se decide concluir o inacabado edifício barroco, interrompido há mais de dois séculos. No desafio então encarado revelaram-se fundamentais os avanços da História da Arte, em particular o novo estatuto conferido ao barroco português a partir dos anos de 1950, e o conhecimento dos princípios para a conservação e restauro do património difundidos nas Cartas de Atenas (1931) e de Veneza (1964). Tais circunstâncias conjugadas, onde pudemos documentar a colaboração interdisciplinar entre arquiteto e historiador da arte, reforçam a condição de Santa Engrácia como um exemplo paradigmático de restauro monumental em Portugal, no âmbito da ação da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), sob a máxima amplamente difundida desde a Carta de Atenas de que “cada caso é um caso”.

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Vista geral das fachadas oeste e sul da Igreja de Santa Engrácia antes das obras, c. 1958, DGPC/SIPA, Foto 505696.

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Publicado

2023-07-09

Como Citar

Moura Soares, C. (2023). A conclusão da Igreja de Santa Engrácia no contexto da valorização do barroco em Portugal e dos princípios das Cartas internacionais de Atenas e Veneza (1953-1966). Conservar Património, 42, 17–37. https://doi.org/10.14568/cp25017

Edição

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Artigos