Cada instituição, um fragmento: problemática da dispersão da coleção arqueológica marajoara Dita Acatauassu (Amazónia, Brasil)
DOI:
https://doi.org/10.14568/cp2018038Palavras-chave:
Cerâmicas arqueológicas, Colecionismo, Conservação e gestão do Patrimônio, Museus de ArqueologiaResumo
As coleções de cerâmica arqueológica formadas por particulares durante o século XIX e XX resultaram de uma prática comum na Amazônia e vêm sendo depositadas em museus brasileiros e internacionais. Estas tornam-se objeto de estudo em diversos campos, apesar da dificuldade da recuperação de informações. Neste artigo foi realizado o estudo da coleção Dita Acatauassu, da ilha do Marajó, com o objetivo de obter a guarda definitiva pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. Os resultados indicados pela análise morfológica e decorativa dos 613 fragmentos permitiram reorganizar 40% da coleção. Além disso, o diagnóstico dos resíduos de intervenções anteriores e fraturas recentes, em confronto com a documentação, permitiram verificar a existência de fragmentos em outras instituições museais pertencentes aos mesmos objetos, originando por vezes peças quase completas. Colocam-se questões complexas e inéditas relacionadas à conservação e gestão de coleções arqueológicas, doações e descontextualização dos achados, política de comodatos e partilha de coleções de objetos compostos por fragmentos sob a guarda de diferentes instituições.
Recebido:2018-9-4
Revisto:2018-12-3
Aceite:2019-1-10
Online:2019-2-28
Publicação:2019-11-6
Downloads
Referências
[1] Lisboa, P. A., Terra dos Aruã: Uma História Ecológica do Arquipélago do Marajó, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém (2012).
[2] Schaan, D. P., ‘The Camutins chiefdom: rise and development of complex societies on Marajó island, brazilian Amazon’, tese de doutoramento, University of Pittsburgh, Pittsburgh (2004), http://d-scholarship.pitt.edu/id/eprint/9161 (acesso em 2019-01-11).
[3] Hilbert. P., Contribuição à Arqueologia da Ilha de Marajó: os “Tesos” Marajoaras do Alto Camutins e a Atual Situação da Ilha do Pacoval, no Ararí, Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará, Belém (1952).
[4] Meggers, B.; J. Evans, C., ‘Archeological investigations at the mouth of the Amazon’, Bureau of American Ethnology Bulletin 167 (1957) 1-664, http://hdl.handle.net/10088/15461.
[5] Roosevelt, A. C., ‘The rise and fall of the Amazon chief-doms’, L’Homme 33 (1993) 255-283, https://doi.org/10.3406/hom.1993.369640.
[6] Schaan, D., A Linguagem Iconográfica da Cerâmica Marajoara. Um Estudo da Arte Pré-histórica na Ilha de Marajó, Brasil (400- 1300 AD), EDIPUCRS, Porto Alegre (1997).
[7] Barreto, C., ‘Cerâmica e complexidade social na Amazônia antiga: uma perspectiva a partir de Marajó’, in Arqueologia Amazônica, ed. E. Pereira & V. Guapindaia, vol. 1, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém (2010) 193-212.
[8] Barreto, C., ‘Meios místicos de reprodução social: arte e estilo na cerâmica funerária da Amazônia antiga’, tese de doutora-do, Universidade de São Paulo, São Paulo (2009), https://doi.org/10.11606/T.71.2009.tde-30042009-095746.
[9] Troufflard, J. ‘Abordagem da prática coleccionista através de um conjunto de peças Marajoara do Museu Nacional de Etnologia em Lisboa (Portugal)’ Amazônica 3(1) (2011) 142-168, https://doi.org/10.18542/amazonica.v3i1.634.
[10] Schaan, D., Cultura Marajoara, Senac Nacional, Rio de Janeiro (2009).
[11] Barreto, C., ‘O que a cerâmica Marajoara nos ensina sobre fluxo estilístico na Amazônia?’ in Cerâmicas Arqueológicas da Amazônia: Rumo a uma Nova Síntese, ed. C. Barreto, H. Lima & C. Bettancourt, Museu Paraense Emílio Goeldi/ IPHAN, Belém (2016) 115-124.
[12] Schaan, D., ‘Into the labyrinths of marajoara pottery: Status and cultural identity in an amazonian complex society’, in Unknown Amazon: Culture in Nature in Ancient Brazil, ed. C. McEwan, C. Barreto & E. Neves, British Museum Press, London (2001) 108-133.
[13] Pombo, D., ‘Educação, memórias e saberes amazônicos: vozes dos vaqueiros marajoaras’, tese de mestrado, Universidade do Estado do Pará, Belém (2014).
[14] Rosa, C., ‘Solicitação de pesquisa: Maria Santana Simas’, documento do Sistema Integrado de Museus, Secretaria de Cultura, Governo do Estado do Pará, Belém (2017).
[15] Schaan, D., ‘Arqueologia, público e comodificação da herança cultural: o caso da cultura marajoara’, Revista de Arqueologia Pública 1 (2006) 31-48, https://doi.org/10.20396/rap.v1i1.8635819.
[16] Oliveira, K.; Borges, L.C., ‘Museus e redes de sociabilidade poder e conflito no Museu do Marajó Pe. Giovanni Gallo’, Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia 11(1) (2016) 70-79, http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/pbcib/article/view/28131 (acesso em 2019-01-11).
[17] Richmond, A.; Bracker, A. ‘Conservation: principles, dilemmas, and uncomfortable truths – a summary’, Conservation Journal 58 (2009) 55-56.
[18] Keene, S., Fragments of the World: Uses of Museum Collections, Oxford: Elsevier Butterworth-Heinemann (2005).
[19] De Blasis, P. A. D.; Morales, W. F. ‘O potencial dos acervos an-tigos: recuperando a coleção 030 do museu paulista’, Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia 7 (1997) 111-131, https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.1997.109300.
[20] ‘Lei nº 378 de 13 de janeiro de 1937’, Diário Oficial da União 1 (1937) 1210 http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1930-1939/lei-378-13-janeiro-1937-398059-publicacaooriginal-1-pl.html (acesso em 2019-2-25).
[21] ‘Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961’, Diário Oficial da União 1 (1961) 6793 https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-3924-26-julho-1961-353715-publicacaooriginal-1-pl.html (acesso em 2019-2-25).
[22] ‘Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009’, Diário Oficial da União 1 (2009) 1 http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2009/lei-11904-14-janeiro-2009-585365-publicacaooriginal-108376-pl.html (acesso em 2019-2-25).
[23] Fuente, G.; Páez, M. ‘Ceramic conservation in archaeological museums: the current situation in northwestern Argentina (Province of Catamarca)’, in Glass and Ceramics Conservation 2007, ed. L. Pilosi, Goriški Muzej Kromberk, Nova Gorica (2007) 180-188.
[24] Oackley, V.; Mcgreevy, J., ‘A condition survey of the ceramics collection at the Ulster Museum’, Conservation Journal 16 (1995).
[25] Oakley, V.; Jain, K., Essentials in the Care and Conservation of Historical Ceramic Objects, Archetype Publications, London (2002).
[26] Troufflard, J. ‘Testemunhos funerários da ilha do Marajó no Museu Dr. Santos Rocha e no Museu Nacional de Etnologia. Interpretação Arqueológica’, tese de mestrado, Universidade Nova de Lisboa (2010).
[27] Carvalho, A.; Oliveira Silva, D. L.; Braga, G. B. , ‘Perspectivas recentes para curadoria de coleções etnográficas’, Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia 14 (2004) 279-289, http://dx.doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2004.89691.
[28] Raposo, L., ‘Arqueologia e museus: experiências portuguesas recentes’, Museologia.pt 3 (2009) 74-103.
[29] Lima, H. P.; Cunha, C., ‘Reassessing museum archaeological collections: unprecedented osteological and ceramic data for the Sucuriju site in the Urubu River, Central Amazon, Brazil’, Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Humanas 12(2) (2017) 649-665. http://dx.doi.org/10.1590/1981.81222017000200021.
[30] Sales, T. ‘Documentação na reserva técnica de Arqueologia Mário Ferreira Simões, do Museu Paraense Emílio Goeldi: estudo de caso da coleção AM-IT-#: Médio Urubu’, trabalho de bacharelato, Universidade Federal do Pará, Belém (2016).

Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
O presente trabalho é distribuído nos termos da Licença Creative Commons (CC BY-NC 4.0) que permite a utilização, partilha e reprodução para fins não comerciais e sem modificações, desde que o autor e fonte original sejam citados.
O Copyright permanece com os autores.